Foto pertence ao grupo Craques e Esquadrões do Futebol.
Pareciam feitos um para o outro tamanho o entrosamento que possuíam. Ambos eram habilidosos e, ao mesmo tempo, combativos. João Crevelin, o Liminha, chegou a Votuporanga no início de 1967 contratado junto ao Corinthians de Presidente Prudente. Cardosinho (João Landulpho Cardoso) chegou na mesma época, egresso da Prudentina. Durante toda a extraordinária campanha da Votuporanguense em 1967, formaram uma dupla de meio-campistas que se projetou nacionalmente. Em seu último jogo pela Alvinegra (24/11/1967, contra o XV de Novembro de Piracicaba, no Estádio do Pacaembu em São Paulo), havia uma dezena de grandes clubes brasileiros interessados na contratação dos craques Cardosinho e Liminha. A crônica esportiva de São Paulo não poupou elogios à equipe, enaltecendo o padrão de jogo ao mesmo tempo clássico e competitivo, com destaque a Raimundinho, Flávio, Cardosinho e Liminha. João Mendonça Falcão, presidente da Federação Paulista de Futebol, colaborou no empréstimo de Liminha e Cardosinho ao Flamengo, apesar dos esforços insistentes do Santos para leva-los para a Vila Belmiro. Em janeiro de 1968 chegaram ao clube carioca para realizarem testes e serem preparados para estrearem no Torneio de Campinas. Roberto Marão, então dirigente da AAV, era contrário a esse período de teste, mas acabou concordando conforme entrevista concedida ao Jornal dos Sports do Rio de Janeiro. Os passes dos jogadores foram estipulados em NCr$ 50 mil cada um, equivalentes a atuais R$ 770 mil, valores esses inegociáveis segundo o dirigente alvinegro. A dupla vestiu as cores rubro-negras no dia 18 de janeiro, em jogo-treino contra a Seleção Olímpica do Brasil. O Flamengo, treinado por Aymoré Moreira (campeão mundial com o Brasil em 1962), venceu por 4 a 1. Os craques votuporanguenses jogaram todo o tempo no meio campo titular. Segundo a crônica carioca, mostraram habilidade e elegância pelo entrosamento quando jogaram juntos em Votuporanga, necessitando apenas de aprimoramento físico. Segundo o Jornal dos Sports, Aymoré gostou dos “novatos” e afirmou estar impressionado com o futebol combativo,
duro e perseverante de Liminha. No dia 21 de janeiro o Flamengo enfrentou o Água Verde, campeão paranaense de 1967, no Estádio da Gávea. Nesse mesmo dia, Cardosinho completou 21 anos de idade – Liminha tinha 23. O Flamengo venceu por 2 a 1 e o destaque foi a dupla de estreantes. A mídia esportiva do Rio de Janeiro rasgou elogios aos dois, que encantaram a torcida flamenguista, saindo de campo sob muitos aplausos. Foram considerados aprovados no teste e relacionados para o Torneio de Campinas, nos dias 24 e 28 de janeiro de 1968. Conforme o Jornal dos Sports do dia 22: “Liminha é jogador voluntarioso. Trabalha muito atrás, destruindo, marcando e bloqueando. Demonstrou bom entrosamento com seu companheiro Cardoso, marcando o ritmo veloz do novo Flamengo. Cardoso é mais elegante no trato com a bola, parece um pouco com Ademir da Guia
nas passadas. Tem pernas compridas, toca bem na bola e carrega nas avançadas. Esses dois jogadores fizeram a festa para a massa flamenga”. Ambos participaram do Torneio de Campinas, jogando contra o Guarani e o Grêmio de Porto Alegre, e depois seguiram carreira no time carioca. Cardosinho jogou apenas 33 partidas no Mengão, despedindo-se no dia 1 de abril de 1970. Marcou 2 gols nesse período e jamais conseguiu se firmar como titular. Depois disso, rodou pelo Sport e Santa Cruz do Recife, CSA de Maceió, Avaí de Florianópolis, Marília, Grêmio Maringá, Paranavaí,
Bela Vista (PR), Corinthians de Presidente Prudente, Palmeiras (SC) até encerrar a carreira no Avaí em 1978. Reside atualmente em Tubarão (SC). Liminha teve uma carreira de sucesso no Flamengo, sendo o oitavo jogador que mais atuou pelo clube, com 513 jogos disputados, 29 gols anotados e 28 títulos. Aos 31 anos, foi dispensado por ser considerado “velho”, sem jamais ter sofrido uma contusão ou registrado um caso sequer de indisciplina.
Notabilizou-se como o “Motorzinho da Gávea”. Lutador, saiu insatisfeito em 1976 e foi jogar no Operário (MS). Depois, vestiu a camisa do Barretos, Independente de Limeira, Jaboticabal e Gazeta de Ourinhos, onde encerrou a carreira aos 38 anos. Retornou à Gávea como treinador das categorias de base. Faleceu no dia 1 de novembro de 2013 no Rio de Janeiro, aos 69 anos.