Flávio de Freitas Nascimento, o “Leão”, chegou à Votuporanguense em 1963, para atuar como zagueiro central. Nascido em 11 de março de 1940, Flávio era um jogador vigoroso como seus irmãos “Ditão” e dono de uma poderosa canhota. Celebrizou-se pelos gols de falta porque para ele não havia distância. Tirava partido de sua estatura elevada (1,93m) para marcar inúmeros gols em cobranças de escanteio.
Jogo difícil, apertado, a torcida gritava a cada escanteio a favor no Plínio Marin: “Flávio, Flávio, Flávio” berrava a galera. E lá ia o Leão para a área adversária. Também atuou como quarto zagueiro e centroavante. Diferentemente dos seus irmãos Gilberto e Geraldo, os “Ditões” do Flamengo e do Corinthians, Flávio tinha técnica e espírito de liderança.
Na Alvinegra, jogou nas temporadas de 1963, 1964, 1965, 1966, 1967 e 1969. Teve passagens pelo São Paulo da capital, Noroeste de Bauru, Bragantino, Juventus, SAAD e Santo André. Pelo SAAD chegou a jogar com Coutinho, Dorval e Joel Camargo, todos campeões mundiais pela Seleção Brasileira. Chegou a ser técnico das categorias de base do Santo André. Flávio sempre sonhou em ser campeão da Primeira Divisão, e quase conseguiu em 1967 pela Votuporanguense e em 1971 pelo SAAD. Por ironia do destino, alcançou o feito em 1975 pelo Santo André, mas naquele ano não houve acesso à divisão de elite do futebol paulista. Depois de parar com o futebol, mudou-se para Bragança Paulista onde era administrador de um condomínio residencial. Faleceu no dia 5 de maio de 2006 com apenas 66 anos, e foi enterrado na cidade onde morava. Casado pela segunda vez, teve quatro filhos.
Como apresentado antes, Flávio tinha 3 irmãos: Adílson, jogador de basquete; e Gilberto e Geraldo, jogadores de futebol. Mas essa história continua na parte 2 desta página de memórias.
Os irmãos de Flávio também foram famosos no mundo do futebol e do basquete. Adílson, o caçula, jogou pelo Corinthians e Seleção Brasileira, pela qual foi medalha de bronze no Campeonato Mundial de Basquete de 1978 Atuava como ala e pivô e, curiosamente, chegou a ter uma breve passagem como meia direita no futebol do Juventus. Assim como Flávio e Geraldo, sofria de problemas cardíacos. Faleceu aos 57 anos em Campinas/SP, no dia 3 de fevereiro de 2009, em consequência de um câncer. Teve 4 filhos.
No futebol, a dinastia de zagueiros começou com o pai, Benedito, que foi um vigoroso zagueiro do Juventus da Mooca. – “Eu ia assistir os meninos treinarem e ficava no alambrado orientando: Cai aqui, cobre ali, antecipe agora… E eles foram pegando o jeito de marcar. Com o tamanho deles é até natural que sejam zagueiros”.
O filho mais velho era Geraldo de Freitas Nascimento, nascido em 10 de março de 1938 – o Ditão do Corinthians. “Um beque duro, um homem bom, sério. Ditão, o Homem de Aço.” Esse era seu apelido criado pela Revista Placar, quando atuou pelo Corinthians. Começou a carreira no Juventus e se transferiu para a Portuguesa de Desportos. Nos anos 1960, Ditão foi um dos primeiros zagueiros em todo o mundo a comparecer na área adversária nas cobranças de escanteios, especialmente nos finais das partidas.
Raçudo e viril, jamais foi expulso de campo em sua carreira. Chegou a ser convocado na primeira lista da Seleção Brasileira na Copa de 1966, além de ter atuado várias vezes pela Seleção Paulista. Um dos símbolos da raça, jogou pelo Corinthians entre 1966 e 1971 em 281 partidas com 4 gols anotados. Encerrou a carreira logo depois no Paulista de Jundiaí. Divorciado, pai de 3 filhos, Ditão vivia sozinho em uma casa do irmão Adílson. Cardiopata, foi encontrado três dias depois de sua morte em sua casa na Vila Guilherme em Guarulhos pelo ex-jogador Ivair. Era o ano de 1992 e o Homem de Aço nos deixou com somente 53 anos de idade.
Gilberto de Freitas Nascimento, o Ditão do Flamengo como foi mais conhecido, nasceu em São Paulo, no dia 29 de janeiro de 1942 e teve uma vida atribulada fora de campo, o que prejudicou sua carreira de forma intensa. Atuou pelo XV de Novembro de Piracicaba e se transferiu para o Flamengo do Rio de Janeiro. Pelo time da Gávea, Ditão disputou ao todo 185 partidas. Foram 87 vitórias, 44 empates, 54 derrotas e 2 gols marcados.
Em 1968 se transferiu para o Cruzeiro de Belo Horizonte, cidade que presenciou o primeiro escândalo de sua carreira. Ao contrário de Ditão do Corinthians, Gilberto sempre teve um temperamento forte e nunca gostou de levar desaforos para casa. Em sua passagem pelo futebol mineiro, Ditão foi vítima de um atentado contra sua vida. Foi alvejado por 5 disparos de arma de fogo pelo pai de sua namorada, que não aceitava o namoro.
Depois de jogar apenas 9 partidas pelo Cruzeiro, e sem as mesmas condições física de outrora, voltou ao Rio de Janeiro e defendeu o São Cristóvão em 1970. Depois jogou pelo CSA de Alagoas, onde pendurou as chuteiras. Em 1987, outra passagem pelas páginas policiais, ao ser acusado de furtar um eletrodoméstico de seu vizinho e de agredir um policial. Após o fato, o Flamengo o empregou como segurança das piscinas do clube.
Reapareceu para a família em 2006, quando compareceu no enterro do irmão Flávio. Informações dão conta que estava vivo no final de 2021 e de que morava no Rio de Janeiro. Outra fonte informa que teria falecido em 2022.